Lançamento horizontal (sem rotação)

ATENÇÃO: se você é aluno de alguma disciplina de laboratório de física básica do Departamento de Física da UFSC (FSC 5122, FSC 5141 etc.) e o relatório que você deve apresentar é parte do processo avaliativo da disciplina, você deve seguir as instruções no final desse roteiro. Se não, divirta-se como quiser!
− 0,80 m − 0,20 m
− 0,80 m

rastro

Um taco (bloco vermelho) é posicionado a uma certa distância de um alvo (bloco preto). O taco move-se em movimento retilíneo uniformemente variado com velocidade inicial nula e aceleração constante, até atingir o alvo.

O bloco e o alvo têm as mesmas dimensões e massas e movem-se sem atrito e sem girar pela superfície da mesa. Ao colidir com o alvo, a energia e o momento linear do taco são transferidos integralmente para o alvo (colisão perfeitamente elástica).

A posição em que o alvo atinge o chão é definida pela velocidade final do taco ao colidir com ele e da altura da superfície em que estão em relação ao chão. A posição em que o bloco para no chão é definida pela sua velocidade (horizontal) e o coeficiente de atrito entre o bloco e o solo.

O objetivo do experimento é determinar:

  1. a aceleração at do taco;
  2. a altura de lançamento y0 do bloco alvo.

Para entender como isso pode ser feito, considere a figura a seguir.

A origem do sistema de coordenadas está na "borda do precipício" (x3=0,00 m) na direção x e "no chão" na direção y (y0 é a altura de lançamento do bloco), representada pelo ponto verde.

O taco parte do repouso de um ponto x1 escolhido pelo usuário (entre −0,80 m e −0,20 m da origem) e move-se com aceleração uniforme (não conhecida do usuário) até colidir com o alvo em x2 = −0,20 m.

O taco e o alvo têm massas e tamanhos iguais (0,20 m de largura) e a colisão é perfeitamente elástica, de modo que o alvo parte com a mesma velocidade que o taco tem no momento da colisão.

O ponto de partida do alvo é x3 = 0,00 m. O alvo toca o solo em x4. Ao longo do "vôo" não há rotação ou perda de energia por atrito com o ar. Ao tocar o solo, assumimos que o alvo perde toda energia cinética correspondente à contribuição da componente y da velocidade, que passa a ser nula, permanecendo inalterada a velocidade na direção x. A partir desse ponto o bloco move-se sobre o chão, com atrito. A força de atrito é conhecida e provoca uma aceleração de (−5,0 ± 0,2) m/s2 no bloco.

A velocidade vt com que o taco atinge o alvo (e que o alvo carregará integralmente), partindo do repouso (v0t=0,00 m/s) é dada por:

vt2=v0t2+2at(x2x1) vt=2at(x2x1) vt=2atΔxt

onde Δxt=x2x1 é um valor conhecido, determinado pelo usuário, e at, a aceleração do projétil, que é uma das grandezas procuradas.

A posição x4 em que o bloco toca o solo (y=0,00 m) pode ser obtida calculando-se o tempo de queda tq partindo de y0 com velocidade v0y=0,00 m/s, sujeito à aceleração da gravidade g, e utilizando o resultado na equação para o movimento retilíneo uniforme na direção x. Lembrando que x3=0,00 m e assumindo uma colisão totalmente elástica, de modo que a velocidade vp do projétil seja igual à velocidade vt do taco no momento da colisão, obtemos:

y=y0+v0ytgt22 tq=2y0g x4=x3+vptq x4=2atΔxt2y0g

Essa expressão pode ser rearranjada para explicitar a dependência de x4 (mensurável) com Δxt (mensurável):

x4=4aty0gΔxt

Rearranjando a expressão, podemos obter o valor de y0:

y0=x42g4atΔxt

Não é possível calcular o valor de y0 pois não temos o valor da aceleração at do taco. Para obtê-la, precisamos de mais informações, e a medida de x5 e o conhecimento da desaceleração devida à força de atrito vêm a calhar.

Assumimos que em x4 (o ponto em que o alvo toca o solo) sua velocidade horizontal é igual à velocidade de lançamento vt (ainda desconhecida). Usando novamente a equação de Torricelli e considerando que a velocidade final vf=0, que a aceleração de frenagem af é conhecida e que Δxf=x5x4 pode ser medido, obtemos a aceleração at do taco:

vf2=vt2+2af(x5x4)=vt2+2afΔxf 2atΔxt=2afΔxf at=afΔxfΔxt=afx5x4x2x1

Se medirmos Δxf em função e Δxt podemos construir um gráfico cujo coeficiente angular é a razão at/af:

Δxf=atafΔxt

Como af é conhecido, podemos utilizar o coeficiente angular para calcular at.

Uma sugestão de procedimento experimental é a seguinte:

Carregue o aplicativo. Ao fazê-lo, ele sorteia valores para a aceleração do taco (at) e para a altura de lançamento (y0), valores que você descobrirá analisando os dados.

Escolha 6 valores para x1 e faça 3 medidas de x4 e x5 nessa condição (x2 = −0,20 m e x3 = 0,00 m são bem definidos). Note que x4 não varia de lançamento para lançamento (por isso somente uma coluna), mas que x5 varia devido a flutuações estatísticas do movimento com atrito (por isso três colunas). Ao final do processo você terá uma tabela conjuntos de valores (x1, x2, x3, x4, x5) que podem ser rearranjados como (Δxt, Δxf):

x1
(m)
x2
(m)
x3
(m)
x4
(m)
x5
(m)
x¯5
(m)
Δxt
(m)
Δxf
(m)
−0,26−0,200,000,700,910,920,920,91670,060,2167
−0,33−0,200,001,011,521,521,531,52330,130,5133
−0,44−0,200,001,392,322,352,322,33000,240,9400
−0,55−0,200,001,693,043,053,023,03670,351,3467
−0,63−0,200,001,863,593,563,613,58670,431,7267
−0,77−0,200,002,124,444,504,504,48000,572,3600
x1
(m)
x2
(m)
x3
(m)
x4
(m)
x5
(m)
x¯5
(m)
Δxt
(m)
Δxf
(m)
0.000.200.400.600.00.51.01.52.02.53.0
dadosajusteΔxt (m)Δxf (m)y = a + bxa = (-0,0 ± 0,0) mb = (4,2 ± 0,1)

Os coeficientes linear a e angular b obtidos da regressão linear utilizando x={Δxti} e y={Δxfi} são:

a=(0,0±0,0)m b=(4,2±0,1)(m/m, ou adimensional)

Considerando que at=baf e af = (−5,0 ± 0,2) m/s2 obtemos at = (21 ± 1) m/s2.

O valor da altura de lançamento y0 também pode ser obtido ajustando uma reta aos dados experimentais:

y0=x42g4atΔxt x42=4aty0gΔxt
0.000.200.400.600.001.002.003.004.005.00
dadosajusteΔxt (m)x42 (m​2)y = a + bxa = (0,0 ± 0,0) m​2b = (7,9 ± 0,1) m

Os coeficientes linear a e angular b obtidos da regressão linear utilizando x={Δxti} e y={x4i2} são:

a=(0,0±0,0)m2 b=(7,9±0,1)m

Considerando que y0=bg/4at, g = 9,80 m/s2 e o valor de at calculado acima, obtemos y0 = (0,92 ± 0,05) m.

Se você é aluno de alguma disciplina de laboratório de física básica do Departamento de Física da UFSC (FSC 5122, FSC 5141 etc.) você deve apresentar um relatório em um único arquivo PDF contendo:

  1. um cabeçalho com o código da disciplina, o nome da disciplina, o número da turma, o nome do professor responsável, o seu nome e o seu número de matrícula;
  2. um print-screen ou qualquer outra forma de registro da tabela com os dados adquiridos (conforme exemplo no texto); sem ela, não será possível avaliar o experimento e a nota será 0 (zero);
  3. um gráfico de Δxf em função de Δxt, contendo legenda com informações sobre o ajuste realizado (conforme exemplo no texto);
  4. um gráfico de (x4)2 em função de Δxt, contendo legenda com informações sobre o ajuste realizado (conforme exemplo no texto);
  5. apresentação do valor da aceleração do taco at, respectivo erro e unidade (conforme exemplo no texto);
  6. apresentação do valor da altura de lançamento y0, respectivo erro e unidade (conforme exemplo no texto);